Caçada à aurora boreal na Lapônia – Finlândia e Noruega (Post 1)

Em 23/12/2015 por Juliana Tolfo

Esta viagem foi uma aventura de caçada à aurora boreal que começou e terminou na Finlândia e passou duas vezes pela Noruega. Foram 9 dias de viagem no mês de novembro de 2015, quando já está fazendo bastante frio.

Este primeiro post da viagem (os 5 primeiros dias) foge um pouco às regras de: como chegar, quando ir, onde ficar, o que fazer… pois foi uma aventura de caçada à aurora, onde por duas noites dormimos no carro, não fizemos refeição alguma em restaurante nenhum, tampouco usamos transporte público ou entramos em parques e cidades. Também não tomamos banho por 2 dias, diga-se logo a verdade (rs!). Portanto, não é um post que eu recomende usá-lo como roteiro, pois não o esquematizei dessa forma. No post 2 da viagem, aí sim, descrevo um roteiro nas duas cidades da Finlândia que visitamos: Luosto e Rovaniemi.

A proposta desta primeira parte é descrever como é a rotina de uma caçada à aurora boreal e eu não fiz isso sozinha, nem faria! E você não faça isso também (rs!). O nosso grupo foi ótimo e divertido: Marco Brotto, Leonardo Schuler, Valter Patrial e eu, viajando para descobrir lugares legais para ver a aurora. Brotto tem experiência em analisar a probabilidade de onde e quando ver aurora boreal, assim como já conhecia a maior parte das estradas pelas quais passaríamos. Se quiser ver aurora boreal com o Brotto, ele faz expedições com turistas e mantém um blog cheio de informações sobre esse lindo fenômeno, chama-se Aurora Boreal Blog. Valter é fotografo profissional e estava incumbido de fazer lindas imagens. Leo e eu tínhamos o papel de averiguar se tudo saída conforme… o planejado (rs!) e fazíamos algumas palhaçadas, principalmente para ninguém dormir (#sqn rs!). Também fui DJ e Leo o caçador de WiFi. Enfim… nos divertimos a beça! Inclusive fiz um vídeo só com alguns momentos engraçados e você pode acessá-lo aqui embaixo.

Preciso agradecer além de maravilhosos companheiros de viagem, as fotografias magníficas que vocês me forneceram para embelezar essa matéria – Survivor Brotto, Leo e Valter – Kiitos! (Obrigada, em finlandês).

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Foto: Valter Patrial

Algumas das situações pelas quais passamos e que requerem atenção:

– por causa do frio, as baterias das câmeras fotográficas arriam muito, mas muito rapidamente mesmo. Algumas vezes naquele momento inesperado e que vale uma fotografia, as baterias não estavam prontas. Para isso, tentávamos prolongar um pouco a bateria deixando-as em locais mais quentes, próximas ao corpo por exemplo e tínhamos baterias extras e vários carregadores no carro;

– deve-se ter muito cuidado com estradas cobertas de neve e gelo, sempre dirigimos em baixa velocidade, em torno de 60km/h e isso fez com que demorássemos mais do que prevíamos para fazer os trechos;

– outro importante cuidado nas estradas é com os animais que podem atravessar de repente a pista. Passamos por algumas migrações de renas e elas atravessam na frente do carro;

– como era praticamente inverno, os dias eram bastante curtos e foi inevitável ter que dirigir na escuridão, além do que há uma tendência em nos confundirmos com o horário;

– a primeira noite da viagem estávamos no voo até Londres, a segunda noite ficamos no aeroporto de Helsinki e as duas noites seguintes cochilamos no carro, somente na 5ª noite da viagem conseguimos dormir numa cama quentinha. Tem que ter cuidado com o frio, pois o carro fica bastante gelado e foi bom ter um saco de dormir para ajudar a aquecer;

– Brotto está acostumado a viajar com turistas, porém uma caçada à aurora como foi feita nessa viagem não é possível fazer com grupo sem um planejamento de hotéis, estradas e sem motoristas credenciados localmente para realizar transporte comercial de pessoas. Numa viagem como esta que fizemos, tudo foi feito de forma particular e serviu para desbravarmos novos lugares onde ele possa levar pessoas futuramente.

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Foto: Marco Brotto

A melhor forma que encontrei para descrever essa aventura foi fazê-la dia a dia. Os cinco primeiros dias da viagem foram em busca da aurora, acordávamos e dormíamos pensando nela, a dama da noite.

Dia 1 – Chegando em Helsinki

Saímos do Brasil num voo da madrugada para Londres. Chegando lá, o voo para Helsinki, capital da Finlândia, seria algumas horas depois e foi justamente quando aconteceu aquele atentado terrorista em Paris. Resultado: ficamos quase 1h dentro do avião aguardando autorização para voar. Em seguida que chegamos em Helsinki, o aeroporto de Londres fechou por medidas de segurança.

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Um dia depois da saída do Brasil, estávamos chegando na capital da Finlândia e nosso voo para a cidade de Rovaniemi, capital da Lapônia finlandesa, seria apenas na manhã do dia seguinte. Pegamos um pernoite num hotel dentro do aeroporto de Helsinki, chamado GLO. Como foi apenas por algumas horas, só houve tempo para tomar banho e eu dormir durante 2 horas, pois os meninos ficaram vendo detalhes da viagem.

Dia 2 – Voo até Rovaniemi e estrada até Alta na Noruega

Nesta manhã, antes de embarcar, Brotto analisou a previsão do tempo para diversas regiões ao norte da Escandinávia. Apenas o extremo norte da Noruega apresentava sinais de tempo aberto, sem nuvens e portanto com chances para ver a aurora boreal que estaria em atividade, não muito forte, mas com plenas condições de visibilidade, se não houvesse nuvens para obstruir a visão.

Partimos para Rovaniemi às 7h20min e em menos de 2h de voo chegamos na capital da Lapônia. O voo foi com a empresa Norwegian Airlines que permite uma mala de 20kg e o mais legal: tem wifi gratuito e liberado para redes sociais, e-mails e tudo mais.

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Enquanto pegávamos as malas, Brotto tratou da reserva do carro com a Sixt, a qual ele já havia combinado uma parceria com desconto graças ao seu trabalho no Aurora Boreal. Trocamos as roupas, pois precisávamos nos proteger com casacos, luvas, gorros, botas, pois nevava bastante aqui. Em seguida, partimos em viagem rumo ao norte da Finlândia. Era em torno de 10h, quando saímos pelas estradas cobertas por neve e o cuidado teve que ser redobrado, pois havia gelo na pista. Os pneus do carro estavam com pregos salientes, para evitar derrapagens e isso é cobrado na tarifa do aluguel como item extra. Brotto está super acostumado a dirigir na neve e tratou de ficar de olho quando um de nós revezava.

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Nossa previsão era dormir próximo da cidade de Enontenkiö, 307km a noroeste de Rovaniemi e ainda na Finlândia, mas de acordo com as previsões de tempo vistas lá ainda em Helsinki, teríamos que avançar mais de 400km em direção ao extremo norte norueguês, para conseguirmos céu limpo. Essas mudanças de planejamento acontecem a todo momento com quem está caçando aurora. Nesse dia percorremos a estrada número 79 rumo ao norte, passando por vilarejos e pequenas cidades como Kittilä e Muonio. Na estrada durante o percurso, que durou horas e horas, vimos muitas renas que por vezes atravessavam a estrada, paisagens completamente congeladas, tempo ruim, nevava e ventava muito. Nessa época do ano, novembro, o inverno já está “dando as caras” e a luz natural do dia dura não mais que 5h e o sol nunca fica “à pino”. Deve-se ter muito cuidado em estradas nessas condições, ainda mais que havia caminhões trafegando.

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Foto: Valter Patrial

A foto abaixo foi tirada às 15h em algum lugar da estrada nº 79.

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Seguíamos quase sem parar. As paradas eram apenas para abastecer, fazer as necessidades e comprar algo para comer e beber. Uma dessas paradas foi numa loja de beira de estrada chamada Souvenirs Artic Knife Lapland, próximo a Kätkäsuvanto e que é também moradia de uma senhora muito simpática.

A lojinha tem de tudo para vender, inclusive umas botas lindas de neve, casacos, gorros de todos os valores, os mais caros são de pele verdadeira de renas. Brotto apelidou a jovem senhora de nome impronunciável de My Love. Ela nos emprestou um computador com internet, pois estávamos viajando até aqui sem conexão alguma com internet, 3G, GPS… nada. Foram mais de 300km apenas lendo as placas e na memória do que Brotto já conhecia da região. My Love carinhosamente ofereceu-nos café, donuts e internet no seu computador (rs! O mais importante naquele momento). Brotto pôde verificar se a previsão do tempo se mantinha ou se havia mudado e , dependendo disso, como afetaria nossos planos. Como a previsão se mantinha, ainda tínhamos que seguir para mais ao norte possível, pois ele viu que era provável vermos aurora a uns 40km antes de chegar em Alta, na Noruega, e esse seria o nosso tiro Sniper (como bem disse o Survivor).

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Seguindo viagem, atravessamos para a Noruega passando por Kautokeino já em torno das 22h, ou seja, 12h de estrada e agora já estávamos na número 93. Seguimos em direção à cidade de Alta, onde havia previsão de céu aberto e quem sabe poderíamos ver a aurora. Digo quem sabe, porque continuávamos sem os sinais de internet, telefone e GPS. Desde a saída de Rovaniemi tentávamos conexão nas paradas nos postos de gasolina através dos celulares, para analisar os dados de atividade magnética e nuvens no céu. Em uma dessas paradas, compramos um mapa rodoviário que nos ajudou muito durante todo o restante da viagem, foi nosso GPS infalível. Com conexão, poderíamos nos direcionar mais acertadamente para algum lugar, mas sem esses dados ontime, tínhamos que viajar com as previsões de horas atrás.

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Quando estávamos chegando na região dos canions de Alta, começamos a ver estrelas no céu. Já nesse momento, a ansiedade tomou conta da gente. Quem estava sonolento, despertou e ficamos todos de olho no céu. Antes mesmo de chegar na cidade, na escura e nevada estrada 93 começamos a visualizar por trás de algumas nuvens, nuances de aurora para a nossa alegria. Estávamos no meio de um canion, região lindamente desenhada por montanhas nevadas e a cada curva o farol do carro iluminava cenários misteriosos. Paramos algumas vezes e nossos olhos já se acostumavam com a escuridão e Brotto acertou seu alvo, acertou onde encontraríamos a dama da noite. Survivor agora é o Sniper Brasileiro.

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Foto: Marco Brotto

Assim, em algum momento da viagem, a aurora apareceu na nossa frente. Encontramos um local próximo à estrada , seguro o suficiente para estacionarmos  e montarmos o equipamento de fotografia, a barraca e acender uma fogueira. Estávamos à margem de um rio que corria fazendo um barulhinho gostoso e estava completamente escuro. Ali provavelmente seja um ponto de picnic, porque havia uma casinha com um vaso sanitário, que nós aproveitamos, é claro. Tudo perfeito, pois imaginem: o meio do nada, há 12h viajando em estradas brancas, temperatura negativa e você precisando de um banheiro. Ali estava ele (rs!). Esse foi nosso lindo cenário para ver uma aurora que veio clarear nossa gelada noite. Estava uma temperatura de -4°C, mas a emoção e empolgação pela aurora nos aqueceram por algum tempo. Ficamos horas ali apreciando, fotografando e filmando. Não sei ao certo como descrever o quanto lindo é uma aurora quando ela dança formosamente no céu e quando ela cai verticalmente sobre a cabeça é alucinante. Tinha que poder colocar uma trilha sonora para as próximas fotografias…

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Horas depois, mas não sei exatamente o quanto porque me perdi completamente do relógio, decidimos circular pela região e seguir em direção ao extremo norte Nordkapp, que estava ainda a 236 km. Devia ser bem tarde da noite fria e nós dentro do carro ainda olhando para o céu. Poderíamos ter ficado na região de Alta para dormir ou ter voltado para a Finlândia, onde sabíamos que o tempo não seria favorável para ver aurora, ou ainda poderíamos ir para qualquer outro lugar, pois a essa altura iríamos certamente passar a noite no carro.

Decidimos ir até o ponto extremo norte da Europa pela experiência de lá chegar, passar pelos túneis, pelos fiordes e quem sabe, ver uma aurora no extremo do continente. Passamos a madrugada literalmente por aí… Paramos por umas 2h para nós 4 dormirmos um pouco no carro. Estava bastante frio, mas dava para aguentar. Foram 112km entre Alta e Smørfjord neste resto de noite.

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Dia 3 – Amanhecendo em Smørfjord

Continuávamos dirigindo antes mesmo do sol aparecer, que nessa época aqui somente acontece lá pelas 9h da manhã. É inevitável ter que viajar na escuridão, são poucas horas de luz natural por dia. Quando amanheceu neste terceiro dia de viagem, estávamos em Smørfjord. Nessa altura, o sono e o cansaço seriam nossos companheiros de viagem, pois já estávamos há 5 noites sem dormir em uma cama de verdade. Sempre cuidamos para ter duas pessoas bem acordadas, uma para dirigir e outro para a ler o mapa e ajudar nas placas.

O dia clareou com a paisagem deslumbrante dos fiordes noruegueses. Estávamos bem ao norte do país. Percorremos as estradinhas fotografando o encontro das montanhas com o mar. O vilarejo é pitoresco e foi onde conversamos com um morador que ficou assustado quando respondemos sua pergunta sobre onde havíamos dormido aquela gelada noite. No carro…

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A estrada de Smørfjord até Northkapp é beirando os fiordes, tem muitas curvas e túneis. Inclusive um túnel submerso, sendo 212m abaixo do nível do mar e 6.870km de comprimento, chama-se Nordkapptunnelen e fica na estrada E69. As estradas são muito boas e continuávamos revezando a direção.

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Foto: Leonardo Schuler

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Foto: Leonardo Schuler

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Paramos numa cidadezinha que se chama Honningsvåg, onde conseguimos conexão de internet pela segunda vez. Engraçado que percebemos que havia algo por ali, quando vimos meia dúzia de pessoas se aglomerando numa esquina e pensamos, deve ser wifi. Paramos o carro e… conectamos! Alegria geral! Demos notícias aos familiares e Brotto viu logo a previsão de tempo, distâncias de viagem e auroras, claro, para esta próxima noite.

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Foto: Valter Patrial

Estávamos ao lado de um porto onde estava chegando um navio de cruzeiro e havia muitas embarcações pesqueiras. Como Brotto já havia estado aqui antes, ele nos levou num local ali nas docas, onde os pescadores secam os peixes após pescaria. Era um cheiro forte e cabeças de bacalhau secavam em um enorme suporte. Pescaria típica norueguesa.

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Foto: Valter Patrial

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Depois de percorrermos 755km desde Rovaniemi, e como o sol já estava caindo no horizonte, por vezes ficávamos somente na sombra das montanhas, chegamos em Nordkapphallen em torno das 14h30min. Nessa região, percorremos estradas (sempre asfaltadas) e sinuosas que revezavam cenários de lagos congelados, montanhas nevadas e fiordes. Lindo deve ser ver aurora desse ponto, mas não podíamos esperar, porque tínhamos bastante estrada para voltar em 2 dias.

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Foto: Leonardo Schuler

Em Nordkapphallen tem um museu, uma cafeteria, banheiros e loja de souvenir, mas tem que pagar para entrar nesse centro comercial, algo por volta de 180 coroas norueguesas. Sendo assim tão caro, ficamos andando por fora e fotografando a noite que já chegava. Do lado de fora, o bonito é apreciar a natureza, o mar, os fiordes (esse ponto está a 300m acima do nível do mar), os dois monumentos e, se for verão, ver o sol da meia noite. No inverno, pode ter a chance de ver aurora. Nordkapp ou Cabo Norte é considerado o ponto que divide o Mar da Noruega, no Oceano Atlântico, do Mar de Barents (que é parte do Oceano Glacial Ártico).

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Sobre os monumentos, um é um globo metálico e o outro é o Children of the Earth, que parecem biscoitos gigantes (ou seriam bolachas?) e que foram feitos por crianças. Esse último faz alusão ao prêmio que é conferido a quem tenha feito alguma coisa importante em prol das crianças do planeta. Curiosamente o primeiro prêmio foi conferido a Inger Harrington, uma norueguesa que trabalha com crianças de rua no Brasil.

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Foto: Leonardo Schuler

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Foto: Marco Brotto

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Foto: Marco Brotto

Iniciamos nosso regresso pela mesma estrada costeando fiordes e em seguida já era noite escura. Isso ainda nos confundia bastante, tínhamos sempre que estar de olho no relógio, porque se quiséssemos chegar a algum lugar ainda com luz de dia, tinha que ser muito bem planejado.

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Foto: Valter Patrial

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Foto: Valter Patrial

Continuávamos sem conexão, guiando-nos pelo mapa e distâncias que dali calculávamos. Dirigimos sem parar, passando pelas cidadezinhas que havíamos passado poucas horas atrás ainda durante o dia. Apenas parávamos em posto de gasolina para abastecer, ir ao banheiro e comer.

Pelas anotações do Brotto desde a última conexão, teríamos chances de ver aurora apenas na Noruega. Dessa forma, teríamos que decidir se voltávamos para a Finlândia por Kautokeino ou por Kilpisjärvi, mas não veríamos aurora. Decidimos ir em direção a Kilpisjärvi a 564km e arranjar um lugar para dormir.

Para a nossa felicidade, no início da viagem saindo de Northkapp ainda na primeira hora da viagem, já vimos aurora. Era cerca de 17h e estava completamente escuro. Paramos para fotografar, mas não ficamos muito tempo, porque além da aurora estar fraca, estava muito frio.

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Foto: Marco Brotto

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Foto: Marco Brotto

Na estrada o tempo começou a ficar pior, nevou muito e o frio foi constante. Paramos numa cabana suomi destruída à beira da estrada, que são usadas por caçadores e caminhantes como ponto de apoio. Era bem pequena e havia apenas um fogão a lenha, que serve como aquecedor também. Nevava bastante neste momento e foi um local bem misterioso que entramos por curiosidade e para “dar uma acordada”, iluminando o caminho com lanternas, porque a escuridão era intensa. Conseguimos mostrá-la apenas no vídeo que editei com várias imagens da viagem e que pode ser acessado aqui.

Continuamos viagem e viramos a madrugada no revezamento dos motoristas, sempre dois dormindo e dois acordados. Vale aqui um agradecimento a esse grupo em que houve parceria e confiança. Parceria para passar pelos perrengues sem reclamar e confiança principalmente em quem estivesse no volante. Tivemos um ótimo entrosamento no objetivo da viagem e isso foi fundamental para que tudo desse certo e não tivéssemos nenhum inconveniente. Todos estavam preparados principalmente psicologicamente para a falta de conforto, longas distâncias, frio, escuridão e lanches como refeições. Esse é um tipo de viagem que não tem como fazer com roteiro pré estabelecido, pois vamos em busca de locais longe de cidades e com condições de ver aurora.

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Foto: Marco Brotto

Dia 4 – Chegada em Kilpisjärvi e aurora em Tromsø

Viramos o dia e a noite na estrada E6 em direção a Kilpisjärvi, já que a decisão foi dormir esta próxima noite em alguma cabana para descansar de verdade e conectarmo-nos a informações atualizadas do tempo. Chegamos na pequena cidade à beira de um lago que fica na tríplice fronteira Noruega-Finlândia-Suécia e conseguimos um chalé às 9h da manhã; Era um dia azulado, coberto de neve. Brotto já havia ficado aqui, por isso sabia que era um bom lugar para deslocamento até a Noruega, caso fosse necessário. Se a previsão de tempo e aurora que fôssemos ter com a conexão em Kilpisjärvi era de tempo ruim para a Noruega, já estávamos no caminho da volta, mas se o tempo fosse bom, estávamos perto o suficiente para fazer um bate-volta na madrugada. Porém, foi um tiro no escuro e certeiro.

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Entramos no sonhado chalé, quentinho, com camas e banheiros. Luxo para quem há dois dias nem banho tomava. Já pensávamos que seria uma noite muito confortável, quentinha e poderíamos dormir uma noite deitados cada um na sua fofa cama, como há 5 dias não víamos.

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Passamos no mercadinho e compramos comida de verdade. Fiz um risoto de aspargos e Brotto colocou costelas para assar. Seria a primeira refeição da viagem.

Aqui em Kilpisjärvi o tempo estava completamente fechado e a previsão de céu limpo seria somente uns 100km voltando sentido Noruega. Brotto aproveitou para dormir, já que estava com febre e sentindo-se mal de cansaço. Leo estava se esquentando na cabana e organizando as fotografias, enquanto Valter e eu saímos para caminhar na vila, passear pelo lago congelado e fotografar. Voltamos para o chalé no momento exato a ponto de congelarmos as extremidades do corpo (rs!).

Quando Brotto acordou, já estava todo animado com a previsão recém analisada. Dali para a Noruega tem que passar por uma região montanhosa e por isso o tempo é tão diferente de um local para outro. Ele nos deu 1h para estarmos prontos para voltarmos à Noruega, pois iríamos até a cidade de Tromsø para ver aurora. Na hora pensei: lá se foi a esperança de uma noite quentinha e confortável tão sonhada…

Eram 17h e estava bastante escuro quando estávamos todos prontos para a terceira noite de caçada. O carro foi carregado com a tralha de fotografia, vídeo e meu saco de lanches claro (rs!) e voltamos à Noruega pela estrada E8, sentido Squibotn. Paramos para visualizar a aurora no vale que liga o fiorde de Squibot a Nordkjosbotn, uma linda região mesmo à noite. Sempre paramos em vários lugares nessas redondezas buscando cenários interessantes, pouca luz e vista para a aurora.

Paramos quando vimos um píer com um barquinho e um pescador. Com a escuridão, não sei se era lago ou mar. Detalhe: a aurora já estava ao fundo, tímida, mas estava lá. Surpreendeu-nos a simpatia com que o pescador Sr. Eagle (foi como entendemos, rs!) nos recebeu. Brotto se apresentou e pediu para montarmos o equipamento do píer dele que prontamente liberou e inclusive afastou o barco do local, para que as luzes não atrapalhassem as fotos. Mostrou-nos sua pesca e o local onde havia muitos peixes pendurados secando. Ele e sua esposa haviam acabado de chegar de uma farta pescaria, então ainda estavam trabalhando duro na fria e escura noite. O empolgado senhor convidou-nos para entrar na casa dele para apreciarmos a aurora de dentro da sua sala quentinha. Agradecemos, mas em seguida iríamos partir para outro lugar, na nossa busca nômade.

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Foto: Leonardo Schuler

Foram vários locais em que estivemos e um dos que mais gostei foi um cemitério aberto, inclusive próximo à estrada, e estava cheio de velinhas dentro de copinhos de vidro. Ali ficamos por bastante tempo, fotografando e filmando a aurora com as luzes das velas na composição. Fotografamos a aurora nas margens de lagos, na estrada entre montanhas nevadas e assim passou a noite toda.

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Houve um lance engraçado e esquisito nessa noite no cemitério. Estávamos nós 4 silenciosa e respeitosamente fotografando, cada um no seu canto, inclusive aproveitando para fazer orações, agradecer e pedir licença para ali estar, quando Brotto e eu levamos um tombo. Lembro de ele ter me pedido para levantar e como eu estava deitada no chão, ele foi me ajudar, mas em algum momento nesse movimento fomos os dois para o chão. Já viu, né… fantasmas tirando sarro da nossa cara… (rs!).

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Olhem esse time-lapse que o Marco Brotto fez que lindo, dá pra ter uma ideia do movimento da aurora:

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Quando voltamos para nosso chalé em Kilpisjärvi, Finlândia, já eram 6h da manhã, embora ainda bem escuro. Teoricamente tínhamos apenas 2h de sono (ahhh a tão sonhada noite), pois havíamos marcado passeio às 17h20 em Luosto, próxima cidade que iríamos e a mais de 500km em estradas nevadas. É claro que não conseguimos dormir apenas 2h… era muito cansaço acumulado. Apagamos… o primeiro que acordou já passava do meio dia e foi acordando o restante.

Dia 5 – Estrada de Kilpisjärvi a Luosto

A correria para sair de viagem foi tão grande quanto a correria das saídas para caçar aurora (rs!). Saímos antes mesmo de comer, o que pra mim pode ser estressante, mas a sorte é que sempre há lojas de conveniência nos postos de gasolina. Ou melhor: há sempre uma bomba de combustível numa loja de conveniência.

Como passava do meio-dia quando saímos de Kilpisjärvi, tivemos pouco tempo de luz do dia para aproveitar alguma paisagem e passamos mais de 8h dirigindo. A partir de hoje não veríamos mais aurora, devido às más condições do tempo, veríamos dias e noites de bastante neve.

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Conseguimos ainda ver um lago totalmente congelado e uma manada de renas atravessando em comboio (não sei se usei o coletivo certo para renas, mas pesquisando não achei termo específico), que pareciam em migração, uma atrás da outra e só com uma boa lente zoom, conseguimos mostrar que eram mesmo muitas renas.

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Foto: Marco Brotto

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Foto: Marco Brotto

Paramos novamente na loja da My Love, que já veio nos abraçando, dando café e donuts. Fizemos um lanche com ela, brincamos com o enorme pastor alemão que ela tem dentro da loja e seguimos viagem. É muito bom ser recebido assim por alguém que mal nos conhece. Essa foi a primeira prova de que o finlandês é um povo acolhedor, simpático e sincero.

Assista abaixo um vídeo que editei sobre essa primeira parte da viagem.

Chegamos em Luosto passava das 22h, ou seja, foi impossível participar do workshop que estava marcado para às 17h, para o qual haviam nos convidado para escutar o som que dizem que a aurora pode emitir. Ficamos sem saber… Fomos direto para o hotel que já estava reservado. Em lindos e confortáveis iglus seriam nossas próximas duas noites. Merecido, depois de um dia longo de viagem. Aliás, todos os dias anteriores!

No próximo post sobre a viagem na Finlândia, conto sobre os passeios que fizemos na região de Luosto e em Rovaniemi. Acesse aqui para ler a continuação dessa super aventura!

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Juliana Tolfo
Juliana Tolfo: nasceu no Rio Grande do Sul, mas mora há dez anos no Rio. Adora desbravar lugares, principalmente aqueles que tenham belezas naturais e atividades ao ar livre. Ama fotografar e edita vídeos incríveis de viagens. No instagram compartilha suas belas fotos e ótimas dicas no perfil @julijourney.
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  1. Viajar na companhia da Juliana foi muito especial… obrigado por embarcarem junto nessa loucura rsrsrs ano que vem tem mais .

    Responder
    • Juli

      Oba Marco! 2016 chegou!

      Responder
    • felipe

      show demais, essa cold trip!
      Vi no site do Marcos Brotto opçoes para os viajantes que desejam ver a Aurora Boreal, muito show!
      Falta agora lançar o pacote, Adventure Hardcore….esse com direito a dormir no meio do nada, e fotografar de perto a vida selvagem dos Polos, como essa manada de alces.
      EU ME INSCREVO DE IMEDIATO.
      abracos, e parabens pela viagem e as imagens.

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      • Juli

        Olá Felipe,
        muito legal, né? Eu estou doida pra fazer uma nova cold trip, hehehe.
        Os pacotes que o Marco Brotto faz estão no site da agência One Lapse, dá uma olhada lá! São experiências inesquecíveis e aventura com segurança, claro.
        😉 😉

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  2. Foi um grande prazer fazer parte desta aventura.

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    • Juli

      Aventura inesquecível Valter!!!

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  3. Dakir L Duarte

    Magnífico Juliana”
    Tu, além de seres lindas, descreves tuas experiências com muita clareza e de forma muito agradável.
    Conheço parte da Finlândia. Viví mais de um ano naquela região, mas nunca passei do paralelo 38. Adoro histórias sobre as Escandinávia.
    parabéns
    Dakir

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    • Juliana Tolfo

      Poxa, muito obrigada Dakir! Fico feliz!
      Você deve conhecer lindos lugares na Finlândia!
      Abraços

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  4. Maristela

    Nooooossa que máximo!!!! O vídeo de arrepiar nas horas que passam as auroras. Deve ser uma emoção e tanto esse momento. Estou indo daqui a 3 semana para Rovaniemi!!!! Vou passar 10 dias caçando auroras!!!! Obrigada por todas as dicas. Bjs, Maristela

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    • Juliana Tolfo

      Oi Maristela, é muita emoção mesmo!
      Rovaniemi é muito legal, acho que você vai gostar e das auroras então… ahhh… essa é uma maravilha da natureza mesmo.
      Aproveite cada instante da viagem e depois volte aqui pra me contar!
      Beijos, Juli

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  5. Jesiel

    Boa noite Juliana

    Estou pensando em aterrisar em Estocolmo na semana do dia 16/12. Você acredita que viajando de carro dá pra fazer sozinho o trajeto até as Auroras e voltar pela Finlândia? Aguardo ansioso sua resposta.

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    • Juliana Tolfo

      Olá Jesiel,
      você pode sim viajar sozinho de carro, mas já viu a distância que é Estocolmo lá do Ártico? Dependendo das condições de aurora no momento, até pode vê-la em menores latitudes, mas aí teria que saber interpretar as variáveis, ter tempo disponível, sorte etc.
      O maior problema em viajar de carro em dezembro é a neve. Provavelmente as estradas estarão cobertas de neve ou gelo, tornando a viagem mais lenta e perigosa. Os pneus devem estar preparados, os limites do acostamento e a sinalização ficam sob a neve. Só as varetas ficam visíveis lá pelo norte. A internet pega muito mal no interior e até o GPS pode falhar. Seria bom ter certa experiência para viajar tão longe assim nessa época do ano.
      Não estou desmotivando, só alertando o quanto é diferente viajar no inverno por aquelas bandas. Se você já é experiente com isso, então tudo fica mais acessível, mas mesmo assim tem que ter muito cuidado.
      Abração

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