Convidei a querida Carol Trevelin, que posta fotos lindas em seu instagram (@carol_trevelin), para escrever sobre um país que ela conhece como ninguém. A Carol vai contar aqui para gente hoje sobre lugares no México deslumbrantes e pouco conhecidos por nós brasileiros. Com a palavra, Carol!
“Em 2012 fiz o meu intercâmbio no México, onde morei por aproximadamente seis meses. Eu sabia que ia ver lugares incríveis, mas o que eu não sabia era que um deles – a Huasteca Potosina – ia me impressionar tanto a ponto de me deixar completamente apaixonada pela região. É difícil estabelecer meu lugar favorito no México, mas esse é com certeza um deles!
Apesar de ser uma das muitas regiões imperdíveis do país (porque, definitivamente, México não é só Cancún), vou tentar descrevê-la em seus detalhes no que diz respeito a atrações e belezas naturais. Vamos nessa?
A Huasteca é uma região do México que abrange o norte do Estado de Veracruz, sul do Estado de Tamaulipas, parte da Serra Gorda de Querétaro, parte dos Estados de San Luis Potosí e Hidalgo e uma parte bem pequena do Estado de Puebla. É onde a aridez do centro do país sai de cena para entrar a vegetação riquíssima, cheia de belezas naturais e rios.
Especificamente, visitei a Huasteca Potosina (parte do Estado de San Luis Potosí). Essa parte é incrivelmente tomada por rios e cachoeiras de águas cristalinas e azuis, uma das maiores cavernas verticais do mundo e uma variedade de etnias, dando à região cor, sabor e magia que encantam quem visita.
Para melhor compreensão, abaixo está a região da qual estamos falando:
Fonte: Wikipedia
Como chegar: A minha viagem foi de mochilão e saímos da cidade Pachuca de Soto, no Estado de Hidalgo. De carro, foram aproximadamente 290 km por uma estrada cheia de curvas até chegar em nossa primeira parada, Xilitla. Apesar da viagem ter sido divertida devido ao tamanho da turma, eu não recomendo. São mais de 4 horas por uma estrada cruel, simples. Portanto, a melhor forma de chegar à Huasteca Potosina é ir de avião até a cidade Tampico (Estado de Tamaulipas) e de lá ir de carro ou ônibus até Ciudad Valles (Estado de San Luis Potosí), que é uma das cidades-base da Huasteca Potosina. Esse trajeto tem aproximadamente 140 km, por estradas bem melhores. Note que se você escolher esta opção (Tampico -> Ciudad Valles), seu trajeto será oposto ao meu. Como eu cheguei pelo sul, minha primeira parada foi Xilitla e a última foi Ciudad Valles.
Meu roteiro : Fizemos esse roteiro em 4 dias. Chegamos em Xilitla à noite, onde pernoitamos e, no dia seguinte, fomos ao Jardim Surrealista de Sir Edward James, onde passamos o dia inteiro. Dormimos novamente em Xilitla e no outro dia partimos. Passamos no Sótano bem cedo e de lá, fomos para Tamul, onde passamos o dia e seguimos para Tamasopo. Dormimos em Tamasopo e no dia seguinte fizemos Puente de Dios e Cascadas de Tamasopo. Dormimos mais uma noite em Tamasopo e no dia seguinte fomos para Micos. No fim do dia, fomos embora. Então, minhas bases foram Xilitla (2 noites) e Tamasopo (2 noites). Porém, ambas em campings próximos às atrações.
Dica de agência de turismo : Fizemos esse roteiro com o nosso amigo e guia José Alfredo, que monta roteiros bem em conta, de mochilão e ficando em campings. A agência é a BromoTurismo – www.facebook.com/bromoturismo. Outra que posso indicar, mesmo sem ter usado seus serviços, é a agência Huaxteca, pois já vi roteiros bem legais que cobrem praticamente tudo o que eu fiz.
Onde ficar : Para procurar acomodação em Ciudade Valles clique em Booking.com. Para ver hotel em Xilitla clique em Booking.com .Para pesquisar alojamento em Tamasopo clique em Booking.com. ou se preferir pode fazer reserva também pelo Hoteis.com.
Pois bem, vamos ao que interessa: as belezas naturais!
Um mapinha de todo meu trajeto segue abaixo, iniciado pelas Pozas de Xilitla e finalizado nas Cascadas de Micos, em Ciudad Valles:
1ª parada: Las Pozas de Xilitla
Já ouviu falar sobre um artista/poeta inglês chamado Edward Frank Willis James? Não? Até aí, super normal. Mas o que isso tem a ver com Las Pozas? Bem, esse cara aí foi nada mais, nada menos que o criador desse lugar surpreendente, também muito conhecido como Jardim Surrealista de Sir Edward James. James escolheu a cidade de Xilitla, localizada em meio à floresta huasteca a mais de 600 metros acima do nível do mar, para dar início ao seu objetivo de vida: a construção do seu “castelo” surrealista.
O jardim ocupa uma área de aproximadamente 40 hectares e está localizado a uns 4 km da cidade de Xilitla. James era amigo de figuras como Dalí e Picasso e, fazendo jus ao movimento surrealista, expôs seus desejos e imaginação em obras esculturais mágicas e maravilhosas em meio à selva. Caminhar por entre as construções cobertas de vegetação e flores é como se teletransportar para um mundo que só existe em nossas mentes.
O castelo de Edward é uma obra única no mundo e nunca foi terminado. Infelizmente, James morreu antes de terminar seu objetivo. Mas não é por isso que suas construções possuem escadas para lugar algum; tudo foi devidamente planejado. A obra mais famosa é a Escalera al Cielo:
Sim! Pode subir! O jardim todo é liberado para passeio.
Bem, e as Pozas, né? James adquiriu uma área tão grande em Xilitla que, obviamente, no meio da serra, haveria cachoeiras naturais. E ele, tão esperto e criativo, aproveitou para torná-las parte da decoração de seu magnífico jardim. As cachoeiras têm água incrivelmente azulada e formam pequenos poços deliciosos para banho. Se você entrou no castelo (ou jardim ou museu), pode ficar aí quanto tempo quiser, “viajando” com as obras de James e se refrescando em suas cachoeiras:
2ª parada: El Sótano de las Golondrinas
Saindo de Las Pozas, 57 km a frente, na cidade de Aquismón, está uma das maiores cavernas verticais do mundo: El Sótano de las Golondrinas (Abismo das Andorinhas, em tradução livre). Esse abismo é uma das 13 maravilhas do México com aproximadamente 512 metros de profundidade (376 deles de queda livre).
Por ser refúgio de milhares de aves, a atração deste local está no espetáculo diário que elas dão ao saírem da caverna, em um ballet espiral maravilhoso! Mas é preciso ir bem cedo, pouco antes do nascer do sol, pois as aves não são preguiçosas! E, claro, encarar a descida de muitos degraus em meio à mata para chegar à borda do precipício.
Descer até que não é problema… Mas tenha fôlego e disposição para a volta.
Dentre as aves que vivem ali estão pequenos papagaios e, posso garantir que é um show maravilhoso. Mas é preciso ser uma pessoa de paciência, pois as aves saem da gruta todos os dias, mas pode haver variação de horário. O importante é fazer silêncio e torcer para ter chegado realmente cedo!
Assim que as aves vão curtir o dia, você já pode iniciar a subida de volta apreciando a paisagem. E ir ao próximo destino!
3ª parada: Cascada de Tamul
Às vezes eu acho que nunca vou encontrar palavras para descrever a sensação ao avistar pela primeira vez essa cachoeira!
Saindo do Sótano, a aproximadamente 68 km, ainda na cidade de Aquismón, é onde se encontra a cachoeira mais linda da minha vida e a mais imponente de San Luis Potosí: a Cascada (cachoeira) de Tamul. São 105 metros de altura, formados pela queda do rio Gallinas sobre o rio Santa Maria, originando o rio Tampaón. Este, por sua vez, tem cor absurdamente azul, sendo uma das coisas mais lindas que já vi.
E essas canoas??? Aí está a parte mais divertida deste passeio: as canoas! Uma dica é chegar até o povoado de Tanchachín, pois a partir daí pode-se aproveitar ainda mais do passeio, com mais atrações. Nesse povoado, você pode alugar lanchas para te levarem até a cachoeira de Tamul, mas, se estiver em grupo, prefira as canoas! É uma delícia (apesar de ser contra a correnteza) remar pelas águas azuis do rio Tampaón e desfrutando dos pequenos cânions rochosos que formam a margem do rio, em uma combinação de tons de azul, cinza e verde que você jamais vai esquecer! E, óbvio, como a ida à cachoeira só pode ser feita com guias, eles sentam em uma posição estratégica dentro da canoa para te livrar da parte mais difícil, mas sem sua ajuda, não dá!
Após uns 6 km de remada, pode-se fazer um pit-stop na Cueva del Água, uma caverna (meio parecida a um cenote não tão profundo) de águas cristalinas e azul escura (devido a não incidência de sol direto), onde você pode se refrescar para encarar o restante do percurso. É um lugarzinho escondido, mas que vale muito a pena:
Mais 2 km remando rio acima e eis que surge à frente a atração mais impressionante dessa viagem: a majestosa queda que, a poucas remadas atrás, estava escondida por trás dos paredões e, como num passe de mágica, se faz real:
É nessa rocha à direita, no meio do rio, que os guias ancoram as canoas para que você desça e tire quantas fotos quiser.
Uma dica importante é verificar se houve muita precipitação na região, pois o nível da água pode subir a certo ponto que torna a correnteza muito forte para subir o rio. Nós fomos em setembro e o passeio pôde ser feito sem qualquer problema.
Ótimo. Mas aí “eu remo tudo isso para chegar lá, tirar fotos e vir embora?” Sim! Mas você pode voltar de canoa ou… nadando! Nosso guia disse que a correnteza não estava tão forte e que poderíamos voltar pelo menos metade do caminho nadando pelas águas azuis e nos divertindo horrores nesse percurso! Essa foi certamente a parte mais marcante da viagem.
4ª parada: Puente de Dios
Saímos de Tamul rumo a Puente de Dios, cerca de 52 km de distância. Esta atração está situada já no município de Tamasopo e nossa passagem por lá foi rápida, apenas para fotos, pois a correnteza estava muito forte, infelizmente.
Puente de Dios tem esse nome devido a anos de força das águas sobre as rochas, formando uma ponte sobre poços de água azul, nos quais é possível se deliciar com a beleza e se refrescando. Nesta nossa visita, o volume de água estava muito alto, o que torna o local um pouco perigoso para nadar e faz a água ficar meio turva….uma pena! Mas, se você tiver sorte de águas tranquilas, vai aproveitar muito o passeio e entender porque o local leva esse nome.
Na foto acima é possível ver um risco no meio do poço. São cordas colocadas para que as pessoas possam atravessar de um lado para o outro com mais segurança. Geralmente, as águas estão mais calmas, mas, neste caso, ficava quase impossível ver as cordas, sinal de que o cuidado deve ser redobrado.
Para chegar até aí, o ponto final para quem está de carro é a estação de trem El Cafetal, onde se deve atravessar a linha a pé e descer uma pequena trilha até chegar às cachoeiras. Com certeza valerá muito a visita!
5ª parada: Cascadas de Tamasopo
Bem pertinho de Puente de Dios, não mais que 5 km, chega-se às Cascadas de Tamasopo, um conjunto de três cachoeiras de poços calmos localizadas no interior de algo que se parece com um parque natural, ou balneário, como é conhecido. Este local possui instalações e serviços como restaurantes e área para camping. E, por ser praticamente um clube com cachoeiras, é muito procurado por locais e visitantes.
As cachoeiras têm aproximadamente 15 metros e, logo na entrada, você se depara com duas delas formando um poço rasinho, de água cristalina, perfeito para crianças. Uma pequena trilha de subida também te leva para o topo dessa cachoeira e, lá em cima, você também vê um lindo lago que se forma antes de se transformar em cachoeira:
A outra cachoeira do local tem um poço um pouquinho mais agitado, mas nada perigoso. Aí você pode se divertir em uma corda amarrada em uma árvore para se balançar e cair dentro d’água, ou arriscar saltos “ornamentais” a partir das pedras ou do trampolim que há ali.
Enfim, curtir Tamasopo sem pressa, relaxar nas suas cachoeiras e caminhar por entre suas passarelas sobre as águas é um passeio que merece o dia todo, sem preocupações.
6ª (e última) parada: Cascadas de Micos
Para fechar essa trip com chave de ouro é óbvio que tinha que ser com mais cachoeiras de águas verde-azuladas lindíssimas! Então, com mais uns 64 km de estrada, chegamos ao município de Ciudad Valles para visitar o parque das Cascadas de Micos. O nome se deve à quantidade de macacos-aranha que viviam no local mas ,devido às ações inconsequentes de humanos, como a caça, eles se viram obrigados a fugir da região.
Micos conta com um complexo de 7 cachoeiras sequenciais que vão de 2 a 50 metros, formando piscinas naturais belíssimas e, muitas delas, bem tranquilas para nadar, andar de caiaque, fazer rapel e, a atividade mais buscada, o salto livre pelas 7 quedas. Claro, você só vai com instrutores e com todos os acessórios de segurança. Eu não consegui fazer os saltos, mas garanto que mesmo assim, é uma aventura à parte!
E esse foi o fim de uma das primeiras e mais emocionantes viagens que fiz pelo México, um país que amo do fundo do coração e que tenho como segundo lar. Esse foi só um cantinho, só uma das regiões privilegiadas com grandes belezas naturais desse país culturalmente rico.
E, como sempre, espero que você aproveite como eu aproveitei e se encante como eu me encantei! Meu obrigada especial à Fabi e, para o que precisarem, me visitem no Instagram: @carol_trevelin”
A Carol é farmacêutica, tem 27 anos, paulista atualmente morando em São Paulo capital e, apesar de viver na cidade de concreto, sempre conta os segundos para estar em contato com a natureza e descobrir novos ares. Viagens e fotografia são suas paixões, além do amor sem limites pela família e pelo noivo, Marcus, seu mais fiel companheiro de aventuras.
Volte sempre, Carol!!! E bons voos!!!
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Bonito
Adorei o lugar Carol!
Adorei o texto! Parabéns!
Duas perguntas: Em qual época do ano foi essa viagem? Há cobrança para todos as paradas?
Obrigada!
Oi Irene, tudo bem? a carol, que escreveu essa materia, ta de ferias no mexico. Qdo ela voltar, peço para ela te responder ok? bjs
Ok, obrigada! Fico no aguardo!
Adorei. Me ajudou a definir minha viagem para o Mexico (dia 25/12/18). Precisando de dicas me coloco a disposição: geraldo_assisveg , 45 paises, 150 cachoeiras e 26 Estados brasileiros. Me planejei para subir o vulcão. Mas depois desse roteiro ele ficara para segundo plano. Gracias!!!!