ALASKA e a Aurora Boreal – Post 1

Alaska… lugar de nome forte… imagens marcantes… sensações inebriantes. Eu confesso que não estava preparada para tanta beleza. Montanhas imponentes, geleiras milenares, fiordes e florestas a perder de vista. Sem falar nos animais… ah os animais do Alaska… ursos, alces, baleias, leões marinhos, peixes, cabras, caribus e ovelhas da montanha, só pra começar…

Como vou escrever sobre o Alaska em 2 posts, neste primeiro darei as informações gerais e também comentarei as experiências nas caçadas à aurora boreal. No post 2 descrevi sobre o que fizemos em cada cidade em que estivemos.

Informações Gerais:

• Alaska é o maior estado dos Estados Unidos com relação à área territorial e o menos povoado por km². Mais da metade da população do Alaska vive na região metropolitana de Anchorage. É o 49º estado americano e pertenceu à Rússia até 1867, quando foi comprado por interesse norte americano na riqueza subterrânea. Em poucos anos, com a exploração do ouro, foi pago o valor da compra.
• O preço de alimentos pode ser um pouco mais elevado que no restante dos EUA, pelo fato de quase tudo vir de outros lugares, embutindo preço de transporte, que muitas vezes depende também das condições do tempo que mudam drasticamente.
• Muitos passeios não funcionam durante o inverno, verifique o que quer fazer para depois programar a época da sua viagem.
• Sugiro sempre ao desembarcar nos aeroportos, procurar por mapas da cidade onde estiver chegando.
• A caça para subsistência, principalmente de caribu e moose, ainda é comum no estado. A caça do urso é proibida, mas sua morte por defesa não e a fiscalização é forte.
• Blueberry é a única fruta produzida no Alaska.

Como chegar:

O transporte aéreo é a forma mais eficiente para entrar e sair do estado. Anchorage, Fairbanks e Juneau são servidas por grandes companhias aéreas. A mais frequente é a Alaska Airlines nos voos domésticos e a maioria com escala em Seattle. Veja aqui no site da empresa como são as conexões.

Melhor época :

O clima do interior do Alaska é subártico. Os verões podem ter temperaturas acima dos 20°C, enquanto que no inverno a temperatura pode cair abaixo de -40°C.

Fui no final de setembro, pegando a última semana do verão e a primeira do outono, e as cores estavam surpreendentes. Os dias mais frios foram no parque Denali e em Fairbanks, em torno de -5°C. Os dias mais quentes não passaram dos 5°C.

É mais comum viajar a turismo para o Alaska durante o verão, pois além de fugir do frio extremo, é a época mais provável para ver baleias e ursos na beira dos rios caçando salmões. É também quando hotéis, estradas e parques estão abertos e a neve está apenas pelas montanhas.

Como circular:

Alugar carro é a melhor maneira, já que as estradas são muito boas e por vários momentos você vai querer parar para fotografar as paisagens. É possível reservá-lo facilmente no site da Rental Cars.

As ligações rodoviárias não cobrem toda a área do estado, só existem em mais ou menos metade do Alaska, ligando os centros populacionais principais. Por exemplo Juneau, capital do estado, não é servida por estradas nem por trem, as únicas maneiras de chegar lá são por via aérea ou marítima.

Há opção de trem entre algumas cidades e você pode verificar itinerários e horários através do site da Alaska Railroad. A ferrovia teve importância no desenvolvimento do Alaska, movimentando principalmente cargas de recursos naturais e hoje tem 752km. Hoje em dia muitos trens de passageiros são utilizados principalmente no verão.

Quanto ao transporte marítimo, existem serviços de ferry operados pelo governo estadual, a Alaska Marine Highway, entre no site para obter maiores informações.

Nos últimos anos, os cruzeiros incrementaram o mercado de turismo de verão, principalmente nas localidades do sudeste do Alaska, onde está Juneau.

Voos domésticos regulares são oferecidos pela Alaska Airlines e muitas comunidades têm serviços de táxi aéreo com o avião mais popular no Alaska: o hidroavião. Um dado curioso é que em 2006 o Alaska tinha o maior número de pilotos per capita que qualquer outro estado norte-americano.

Vale lembrar que é cobrado U$ 25,00 por bagagem despachada em voos domésticos da Alaska Airlines.

Onde Ficar: 

Todos os hotéis em que me hospedei foram muito bons e com atendimento muito simpático. Você pode encontrar mais sobre cada um clicando sobre o nome:

Juneau: Best Western Grandma’s Feather Bed

Anchorage: Hampton Inn

Talkeetna: Susitna River Lodge

Fairbanks: Holiday Inn e Hampton Inn

O que fazer:

O Alaska está localizado entre as latitudes 51°20’N e 71°50’N, o que significa boa possibilidade de ver a aurora boreal e minha viagem foi com esse objetivo. A maioria dos turistas que vão ao Alaska, não vão para ver as Northern Lights, mas sim para ver geleiras, fazer trekking nas montanhas, ver animais típicos da região, passear de cruzeiro no Kenai Fjord Park ou na região de Inside Passage.

Maravilhei-me com toda a natureza do Alaska, mas a aurora boreal foi o fenômeno mais interessante que já vi ao vivo e a cores. É visto somente próximo às regiões polares e para não perder tempo, fui acompanhada do caçador de auroras Marco Brotto. A viagem foi mais especial ainda graças às excelentes companhias que eu tive.

A aurora é a manifestação luminosa que ocorre quando partículas que se desprendem do sol em explosões solares, filamentos ou buracos coronais, atingem a atmosfera terrestre e são canalizados para os pólos onde o campo magnético é mais forte, por isso só é comumente visualizado em grandes latitudes. A reação daquele material solar (também chamado de vento solar) com o ar atmosférico forma a aurora, que não é um fenômeno estático, pois se movimenta no céu e pode apresentar diversas cores. Não é um fenômeno exclusivo do nosso planeta, em outros também pode ocorrer, como por exemplo em Júpiter, Saturno e Marte.

Se quiser saber mais detalhes sobre a formação, ocorrência e tudo mais sobre aurora boreal, Marco Brotto tem um blog chamado Aurora Boreal onde conta as experiências como caçador de auroras. Segundo ele, “…depois de várias expedições para lá, coloco o Alaska como lugar TOP para ver aurora boreal, a estrutura equilibra o conforto com paisagens rústicas, vida selvagem com estradas maravilhosas, pra mim o Alaska é perfeito.”

As cidades em que eu estive foram as seguintes e estão descritas no post 2:   Juneau – Anchorage – Seward – Talkeetna – Fairbanks.

A 1ª aurora da vida!

A primeira aurora que vi na minha vida foi em Anchorage e foi já na primeira noite na cidade. Depois de passear o dia todo pela região, tivemos fôlego para ir caçar as luzes do norte durante a madrugada.

Marco providenciou o carro e às 22h saímos à caçada. Buscamos por um lugar afastado da cidade onde as nuvens e as luzes não atrapalhassem na visualização, já que o tempo estava super nublado. Depois de alguns km rodados, encontramos céu mais limpo e lá estava ela… encantei-me… ela estava tímida, mas riscava o céu de verde e até do frio eu esqueci. Mas esqueci só por um momento (rs!). Deu vontade de pular e correr… e acho que fiz isso… não lembro bem… eu estava inebriada.

Essas saídas pra caçada são “adrenalizantes” pra mim… galera cansada da viagem, com sono, mas louca pra ver aurora. Muitas passagens engraçadas são resultado da mistura do cansaço com a empolgação (rs!).

Ainda mais quando as previsões do tempo não são boas e de repente tudo parece convergir para que possamos ter uma noite iluminada! Isso é empolgante! E por isso essa noite ficou conhecida como a caçada épica!

Nessa noite lembro de entrarmos numa estradinha de terra, completamente escura e na beira de um lago. Chegando por ali, alguns carros já estavam estacionados e quando descemos do nosso, com um monte de câmeras e tripés, acabamos por espantar a galera (rs!). Ficamos com o camarote só pra nós.

Abaixo está uma foto amadora da minha primeira aurora.

E a seguir, fotos profissionais do caçador de aurora Marco Brotto.

Em Talkeetna ficamos 3 noites para ver a aurora boreal e em duas delas, as cores do norte se mostraram lindamente no céu. Vimos aurora da estrada que corta a cidade, do próprio Lodge onde estávamos hospedados e de um ponto mais alto, onde fica um hotel, que juro, não sei o nome porque ele já estava fechado para o inverno (daqueles que só abre na temporada do verão).

Em Talkeetna deu pra fazer um climão de Alaska, ficamos em cabanas de madeira, fora do centrinho da cidadezinha e de frente para o rio. Numa das noites, uma fogueira e boas companhias foram a combinação perfeita para a diversão e para espantar o frio.

A última foto abaixo somos Marco Brotto e eu morrendo de frio, mas firme na contemplação da aurora bem no meio da estrada.

E estas duas fotos abaixo são de autoria de minha amiga fotógrafa Cinthia Paranhos Martins. Enquanto uns dormiam, outros ganhavam este presente do céu.

Já na última cidade do roteiro, Fairbanks, saímos duas noites para caçada de aurora boreal e que foram mais épicas ainda! Termo que ficou registrado pelo grupo e aqui se confirmou!

Saímos numa noite em que o céu estava bastante nublado, rodamos até onde passa o oleoduto e estava muito frio. O céu sobre as nuvens começou com sinais de aurora se apresentando, às vezes parecia manchado de verde.

Foi num local mais afastado da cidade, numa entrada de estrada de terra e um laguinho, que ficamos por muitas horas aguardando as nuvens se afastarem para podermos visualizar as cores da aurora que sabíamos que estaria ali. Acendemos uma fogueira para espantar um pouco do frio e aguardamos, sempre olhando para o céu. Ficamos horas ali. Para o bom entendedor de aurora e de fotografia, estava dando pra aproveitar muito bem. Para outros, o frio e as nuvens estavam camuflando a beleza da noite. Lá pelas tantas, decidiu-se partir para o hotel, pois metade do grupo já dormia dentro do carro há horas!

Era alta madrugada, estávamos na estrada e todos dormindo profundamente com o balançar do carro, quando de repente o motorista parou e gritou para todos que a aurora estava ali!

Sabe quando você está em sono profundo, aquecida e que nada poderia te tirar daquele momento de descanso? Pois foi nesse momento que literalmente pulamos para fora do carro, vestindo os casacos, manta, luvas e gorro, tudo meio atropelado, ainda com um olho dormindo e o outro acordando que a aurora nos despertou.

Ela estava exatamente sobre nossas cabeças, num buraco enorme de céu limpo, estrelado e muitas luzes coloridas dançaram bem ali na nossa cara! Gente… sem palavras para descrever tamanha beleza… sem palavras que possam transcrever de fato a realidade do sentimento nesse momento mágico.

Estávamos ali no meio da estrada, cercados por uma floresta de pinheiros, boquiabertos com a aurora boreal e suas diversas cores sendo exibida numa dança quase inacreditável. Não era sonho, era real. Que noite iluminada! Momento muito propício para os agradecimentos por tudo de bom que acontece em nossas vidas. Essa foi uma experiência pra ser guardada no coração.

As fotos abaixo são as mais lindas e profissionais dos amigos Marco Brotto e a última e espetacular fotografia de Carlos Simão.

Na última noite antes de voltar ao Brasil, ainda saímos pra mais uma caçada e foi fantástica! Uma bela despedida que durou até às 4h30m da madrugada só porque depois de vários dias sem dormir uma noite completa, sentimos no corpo o cansaço acumulado. E ainda estava mais frio que todas as outras noites.

Vejam a seguir, as fotos da última noite das luzes do norte e depois leiam o post 2 sobre o Alaska, que contém demais passeios realizados.

Essa viagem foi inesquecível, tanto pela experiência quanto, e principalmente, pelas pessoas que eu conheci. Queridos amigos, obrigada pelo companheirismo e amizade que levarei para toda a vida: Roberta, Marco, Pollyanna, Cinthia, Leonardo, Marieta, Denise e Carlos.

Posts relacionados ao Alaska :

• Post 1 – Alaska e a Aurora Boreal – Informações Gerais
• Post 2 – Um roteiro pelo Alaska

Você também pode gostar de ler :

• Salar de Uyuni, Bolívia
• Cape Town, África do Sul
• Patagônia, Chile
• Bariloche, Argentina
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